livros
Resenha: Paris É Uma Festa
“Paris não tem fim, e as
recordações das pessoas que lá tenham vivido são próprias, distintas umas das
outras. Mais cedo ou mais tarde, não importa quem sejamos, não importa como
façamos, não importa que mudanças se tenham operado em nós ou na cidade, a ela
acabamos regressando. Paris vale sempre a pena e retribui tudo aquilo que você
lhe dê. Mas, neste livro, quis retratar a Paris dos meus primeiros tempos,
quando éramos muito pobres e muito felizes.”
Ai,
esse livro... Pela primeira vez – e finalmente -, li uma obra de Ernest
Hemingway e me apaixonei completamente. Bem, o estranho é que não coloquei
Paris É Uma Festa no post de Melhores Livros de 2015 - sim, a resenha demorou de sair mesmo, li ano passado -, mas isso foi porque quis
deixar mais enxuto, depois me arrependi com força, já que não consegui parar de
pensar nesse livro.
Comecei
por Paris É Uma Festa por indicação de um amigo – obrigada, Tico!! – e acho que
foi o jeito perfeito de iniciar minha coleção de leituras de Hemingway, não
vejo a hora de conhecer outras obras suas. Por ter visitado Paris recentemente,
a leitura ficou ainda mais incrível, porque eu me via passeando por aqueles
lugares e ficava emocionada só de lembrar. O livro que aparece nas fotos é emprestado, eu li, na verdade, no Kindle, mas as fotos com ele não ficaram legais, então peguei emprestado com um amigo - obrigada de novo, Tico, haha - para fotografar o livro físico.
A história
Paris
É Uma Festa é um relato da
vida de Hemingway na cidade de 1921 a 1926, quando – como diz o próprio –
ele era pobre e feliz. Apesar disso, a obra só começou a ser escrita em 1957 e
publicada pela primeira vez em 1964, já após sua morte. A Paris dos anos 20 era a inspiração de muitos artistas
que corriam para lá com o objetivo de terminar suas obras, como Ezra Pound, James Joyce e
Picasso. Hemingway vendia muito pouco nessa época, mas era feliz do mesmo
jeito e chegava a esquecer algumas refeições, junto com sua esposa, para poder
desfrutar de um bom vinho.
O
autor descreve suas andanças e
experiências por Paris e
conta muito sobre os cafés em que costumava escrever, além de como se
relacionava com muitas personalidades da época: James Joyce, Ezra Pound,
Gertrude Stein, Scott Fitzgerald - ♥ -...
Simplesmente incrível.
Minha opinião
Esse
livro é, definitivamente, perfeito pra quem ama ler e escrever. Ou ama Paris, é
claro. Hemingway fala muito desse seu processo de escrita, já que ele lutava
para vender seus contos para revistas na época, e conta muito sobre o que
pensava de artistas que conhecia e obras dos mesmos.
“Tu me pertences, toda
Paris me pertence e eu pertenço a este caderno e a este lápis.”
Não
posso deixar de comentar os momentos em que o autor fala da Shakespeare and Company, ou – como ele também chamava – a livraria e biblioteca de Sylvia
Beach. Eu tinha um sonho enorme de conhecer este lugar desde que ouvi falar
dele, de sua história e desde que vi no filme Meia Noite em Paris – um dos meus
favoritos da vida -. Consegui realizar isso em 2015 e não acredito até hoje,
foi muito emocionante e vocês podem ver tudo nesse post sobre a viagem.
Saber que visitei um lugar que Hemingway amava e no qual ia com frequência me
arrepia até a alma, como queria ter lido esse livro antes de conhecer a
livraria!
“Nessa rua fria, varrida
pelo vento, a Shakespeare and Company era um lugar acolhedor e alegre, com um
grande fogão aceso no inverno, mesas e estantes de livros, novidades na vitrina
e, nas paredes, fotografias de famosos escritores vivos e mortos. Todas as
fotografias pareciam instantâneas, e até mesmo os escritores mortos tinham um
ar muito vivo.”
É
muito engraçado acompanhar o autor falando de outros escritores da época e
sobre o que achava de seus trabalhos. Ele tinha uma relação bastante próxima
com Fitzgerald e eu fiquei encantada com o momento em que ele citou seu nome,
porque o mesmo é mais um autor que curto muito. Hemingway contou, também, que
Fitzgerald estava escrevendo um novo livro e queria sua opinião. Adivinha qual
era esse livro? O Grande Gatsby. O quão épico é isso?
“Falou com desprezo,
mas sem irritação, sobre tudo o que havia escrito até o momento, e senti logo
que seu novo livro deveria ser muito bom para que pudesse referir-se com tanta
isenção crítica aos trabalhos anteriores. Demonstrou interesse em ter minha
opinião sobre esse novo livro – tratava-se de O Grande Gatsby – e prometeu que
me emprestaria o último e único exemplar que possuía (...)”
Apesar
de parecer pela descrição, Paris É Uma Festa não tem forma de diário. Mas ele
tem todo um toque autobiográfico e nostálgico, porque foi escrito pelo
Hemingway mais velho, que sentia falta dessa tal época da “geração perdida”. É
como estar sentado em um café conversando com o autor.
Como
muitas ruas, cafés e locais específicos são citados no livro, é legal pesquisar
imagens para mergulhar ainda mais, o que eu fiz o tempo todo. Tentei lembrar se
havia passado por aquelas ruas durante a viagem e fiquei muito feliz quando ele
falou do Louvre e do Jardin des Tuilleries.
Hemingway conquistou completamente meu coração
com esse livro e eu imagino que ele vá se tornar um autor favorito na minha
listinha, assim como o livro se tornou. Quem ama Meia Noite em Paris – um filme de Woody Allen -, assim como
eu, vai amar Paris É Uma Festa ainda mais e, pra quem quer ler e nunca viu o
filme, recomendo muito que veja – antes ou depois, escolha sua -. Não imaginei
que conseguiria terminar a leitura tão rápido, pensei que seria uma escrita
pesada, difícil de entender, mas é o contrário disso. É tudo muito fluido, objetivo,
as páginas voam e você nem percebe.
Mais
quotes:
“Depois de escrever um
conto, sentia-me sempre vazio, e, simultaneamente, triste e feliz, como se
tivesse acabado de me entregar ao amor físico.”
“(...) concluí que
todas as gerações eram perdidas, por alguma razão, sempre tinham sido e sempre
haveriam de ser.”
“Mas Paris era uma
cidade muito antiga, nós éramos jovens e nada ali era simples, nem mesmo a
pobreza, nem o dinheiro súbito, nem o luar, nem o bem e o mal, nem a respiração
de alguém que deitada ao nosso lado dormisse ao luar.”
Ei! Não esquece que seu comentário é muito importante, viu? É uma forma de saber o que mais agrada - ou não - quem lê o blog, além de que adoro saber as opiniões de quem visita sobre o assunto falado.♥
0 comentários:
Comente para que eu possa saber se gostou ou o que devo melhorar! Dê sua opinião sobre o assunto falado também, se quiser. Sinta-se à vontade. ^-^