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Resenha: Paris É Uma Festa

21:17 Isabela Libório 0


“Paris não tem fim, e as recordações das pessoas que lá tenham vivido são próprias, distintas umas das outras. Mais cedo ou mais tarde, não importa quem sejamos, não importa como façamos, não importa que mudanças se tenham operado em nós ou na cidade, a ela acabamos regressando. Paris vale sempre a pena e retribui tudo aquilo que você lhe dê. Mas, neste livro, quis retratar a Paris dos meus primeiros tempos, quando éramos muito pobres e muito felizes.”



 Ai, esse livro... Pela primeira vez – e finalmente -, li uma obra de Ernest Hemingway e me apaixonei completamente. Bem, o estranho é que não coloquei Paris É Uma Festa no post de Melhores Livros de 2015 - sim, a resenha demorou de sair mesmo, li ano passado -, mas isso foi porque quis deixar mais enxuto, depois me arrependi com força, já que não consegui parar de pensar nesse livro.

 Comecei por Paris É Uma Festa por indicação de um amigo – obrigada, Tico!! – e acho que foi o jeito perfeito de iniciar minha coleção de leituras de Hemingway, não vejo a hora de conhecer outras obras suas. Por ter visitado Paris recentemente, a leitura ficou ainda mais incrível, porque eu me via passeando por aqueles lugares e ficava emocionada só de lembrar. O livro que aparece nas fotos é emprestado, eu li, na verdade, no Kindle, mas as fotos com ele não ficaram legais, então peguei emprestado com um amigo - obrigada de novo, Tico, haha - para fotografar o livro físico. 
A história
 Paris É Uma Festa é um relato da vida de Hemingway na cidade de 1921 a 1926, quando – como diz o próprio – ele era pobre e feliz. Apesar disso, a obra só começou a ser escrita em 1957 e publicada pela primeira vez em 1964, já após sua morte. A Paris dos anos 20 era a inspiração de muitos artistas que corriam para lá com o objetivo de terminar suas obras, como Ezra Pound, James Joyce e Picasso. Hemingway vendia muito pouco nessa época, mas era feliz do mesmo jeito e chegava a esquecer algumas refeições, junto com sua esposa, para poder desfrutar de um bom vinho.

 O autor descreve suas andanças e experiências por Paris e conta muito sobre os cafés em que costumava escrever, além de como se relacionava com muitas personalidades da época: James Joyce, Ezra Pound, Gertrude Stein, Scott Fitzgerald  -... Simplesmente incrível.

Minha opinião
 Esse livro é, definitivamente, perfeito pra quem ama ler e escrever. Ou ama Paris, é claro. Hemingway fala muito desse seu processo de escrita, já que ele lutava para vender seus contos para revistas na época, e conta muito sobre o que pensava de artistas que conhecia e obras dos mesmos.

“Tu me pertences, toda Paris me pertence e eu pertenço a este caderno e a este lápis.”

 Não posso deixar de comentar os momentos em que o autor fala da Shakespeare and Company, ou – como ele também chamava – a livraria e biblioteca de Sylvia Beach. Eu tinha um sonho enorme de conhecer este lugar desde que ouvi falar dele, de sua história e desde que vi no filme Meia Noite em Paris – um dos meus favoritos da vida -. Consegui realizar isso em 2015 e não acredito até hoje, foi muito emocionante e vocês podem ver tudo nesse post sobre a viagem. Saber que visitei um lugar que Hemingway amava e no qual ia com frequência me arrepia até a alma, como queria ter lido esse livro antes de conhecer a livraria!

“Nessa rua fria, varrida pelo vento, a Shakespeare and Company era um lugar acolhedor e alegre, com um grande fogão aceso no inverno, mesas e estantes de livros, novidades na vitrina e, nas paredes, fotografias de famosos escritores vivos e mortos. Todas as fotografias pareciam instantâneas, e até mesmo os escritores mortos tinham um ar muito vivo.”

 É muito engraçado acompanhar o autor falando de outros escritores da época e sobre o que achava de seus trabalhos. Ele tinha uma relação bastante próxima com Fitzgerald e eu fiquei encantada com o momento em que ele citou seu nome, porque o mesmo é mais um autor que curto muito. Hemingway contou, também, que Fitzgerald estava escrevendo um novo livro e queria sua opinião. Adivinha qual era esse livro? O Grande Gatsby. O quão épico é isso?

“Falou com desprezo, mas sem irritação, sobre tudo o que havia escrito até o momento, e senti logo que seu novo livro deveria ser muito bom para que pudesse referir-se com tanta isenção crítica aos trabalhos anteriores. Demonstrou interesse em ter minha opinião sobre esse novo livro – tratava-se de O Grande Gatsby – e prometeu que me emprestaria o último e único exemplar que possuía (...)”

 Apesar de parecer pela descrição, Paris É Uma Festa não tem forma de diário. Mas ele tem todo um toque autobiográfico e nostálgico, porque foi escrito pelo Hemingway mais velho, que sentia falta dessa tal época da “geração perdida”. É como estar sentado em um café conversando com o autor.

 Como muitas ruas, cafés e locais específicos são citados no livro, é legal pesquisar imagens para mergulhar ainda mais, o que eu fiz o tempo todo. Tentei lembrar se havia passado por aquelas ruas durante a viagem e fiquei muito feliz quando ele falou do Louvre e do Jardin des Tuilleries.


 Hemingway conquistou completamente meu coração com esse livro e eu imagino que ele vá se tornar um autor favorito na minha listinha, assim como o livro se tornou. Quem ama Meia Noite em Paris – um filme de Woody Allen -, assim como eu, vai amar Paris É Uma Festa ainda mais e, pra quem quer ler e nunca viu o filme, recomendo muito que veja – antes ou depois, escolha sua -. Não imaginei que conseguiria terminar a leitura tão rápido, pensei que seria uma escrita pesada, difícil de entender, mas é o contrário disso. É tudo muito fluido, objetivo, as páginas voam e você nem percebe.

Mais quotes:
“Depois de escrever um conto, sentia-me sempre vazio, e, simultaneamente, triste e feliz, como se tivesse acabado de me entregar ao amor físico.”

“(...) concluí que todas as gerações eram perdidas, por alguma razão, sempre tinham sido e sempre haveriam de ser.”

“Mas Paris era uma cidade muito antiga, nós éramos jovens e nada ali era simples, nem mesmo a pobreza, nem o dinheiro súbito, nem o luar, nem o bem e o mal, nem a respiração de alguém que deitada ao nosso lado dormisse ao luar.”

Ei! Não esquece que seu comentário é muito importante, viu? É uma forma de saber o que mais agrada - ou não - quem lê o blog, além de que adoro saber as opiniões de quem visita sobre o assunto falado. 

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