livros,
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Resenha: O Planeta dos Macacos
Descobri há pouco tempo que O Planeta dos Macacos originava-se de um
livro e, além disso, meu conhecimento sobre o filme se resumia a: macacos que
agiam como humanos, só. E, olha, isso tornou a leitura um milhão de vezes mais
surpreendente, o que foi ótimo. Desde que a Aleph lançou essa edição incrível,
fiquei desejando por um bom tempo, adquiri há pouco tempo e devorei – só não
muito rápido porque a faculdade não deixou – e gostei muito mais do que
esperava.
A história
Jinn e Phyllis são um casal e estão aproveitando as férias viajando pelo
espaço e bronzeando-se sob “os raios de seus três sois”, quando são surpreendidos
por um objeto que atravessa seu caminho. Ao conseguir capturá-lo, percebem que
têm nas mãos uma garrafa e, dentro dela, um manuscrito.
É aí, então, que a história começa de verdade e somos apresentados a
Ulysse Mérou, que, em primeira pessoa, conta os relatos de sua aventura. No ano
de 2500, ele e mais dois companheiros embarcaram na missão de chegar até as
redondezas de Betelgeuse, onde
encontraram um planeta muito similar ao planeta Terra – de onde vinham – e resolveram
explorá-lo.
Ao pousar, a semelhança com seu planeta de origem tornou-se ainda mais
impressionante. A atmosfera era a mesma, estavam rodeados de oceano, florestas,
montanhas e, ora, imaginavam que habitantes também. E não estavam enganados.
Após depararem-se com pegadas humanas, foram surpreendidos por uma moça. Mas
não era uma moça comum, porque, além da sua nudez, ela tinha reações e um
aspecto completamente selvagens. Ela não estava sozinha, seus companheiros
agiam do mesmo modo e pareciam não possuir uma língua com a qual se
comunicavam.
Ulysse nomeia o planeta de Soror
que, em latim, significa “irmã”, por conta da sua semelhança com a Terra. Ao
passar a noite por lá, eles foram surpreendidos por uma onda de pânico no outro
dia: gritos de terror quebraram o silêncio que pairava, seguidos por disparos
de fogo. Os humanos daquele planeta estavam sendo massacrados e os assassinos
eram macacos. Macacos que vestiam roupas, se comunicavam racionalmente e agiam
como humanos. Bem, humanos terráqueos, pelo menos.
“Eu assistia a uma caçada – participava dela também, ai de mim! -, uma caçada fantástica em que os caçadores, postados a intervalos regulares, eram macacos, e a caça acuada, constituída por homens e mulheres como eu, homens e mulheres cujos cadáveres nus, esburacados, contorcidos em posições implausíveis, ensanguentavam o solo.”
Minha Opinião
Um planeta governado por macacos, onde os mesmos são a espécie racional
e, os humanos, meros animais selvagens. Como não se impressionar com uma
história dessas? Pois é, eu não sabia que o filme – muito menos o livro, já que
nem sabia da existência dele - se tratava disso e fiquei muito chocada com a
genialidade de Pierre Boulle.
O livro conseguiu prender minha atenção desde o começo, isso eu culpo à
minha fascinação por ficção científica. Mas, a partir do momento em que
descobri essa inversão de valores entre símios e humanos, fiquei completamente
vidrada e não queria largar mais. Falei o mínimo possível sobre a história,
porém, o livro tem muito pra acontecer e se contar ainda, a gente se surpreende
a cada página e as críticas que o autor faz à sociedade ficam cada vez mais
claras. Ele utiliza muito do sarcasmo e faz a gente acreditar, de verdade, que
essa inversão pode acontecer um dia e se questionar até onde vai o direito do
ser humano de se colocar como espécie principal. Como seria se nós, humanos, é
que fôssemos usados como cobaias em testes ou fôssemos atração nos zoológicos?
“Passávamos por uma rua bem larga, ladeada por calçadas. Examinei os transeuntes com ansiedade: eram macacos. Vi um comerciante, uma espécie de quitandeiro, que acabava de armar o toldo de sua loja e se voltava com curiosidade para nos ver passar: era um macaco. Tentei distinguir os passageiros e o motorista dos veículos locomotores que o ultrapassavam: vestiam-se como em nosso planeta e eram macacos.”
O livro é fluido e muito, muito interessante. O final me deixou de boca
aberta por um bom tempo. Sabe aquela sensação que plot twists causam de, sei lá, explosão cerebral? Foi bem isso que
senti e fiquei com muito gosto de quero mais.
Recomendo O Planeta dos Macacos a qualquer pessoa, goste de ficção científica
ou não, acredito que agradará a todos. Ainda não assisti aos filmes, mas
pretendo fazer isso – e, quem sabe, escrever um post comparando -, mas em todas
as resenhas que li/vi, as pessoas disseram que são bem diferentes do livro e
que, quem já viu os filmes, pode lê-lo porque vai se surpreender de qualquer
jeito.
Sem contar que essa edição é INCRÍVEL, né? Ela ainda vem com vários extras.
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