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Resenha: Laranja Mecânica

19:27 Isabela Libório 0

 (Finalmente, mais de um ano depois de ter lido, além de ter emprestado para duas pessoas, consegui postar a resenha do tão famoso 
Laranja Mecânica. Tudo que está abaixo, foi escrito em Janeiro de 2016, só uma observação mesmo.)

 Depois de tanto ouvir falar, li essa distopia clássica e incrível que é Laranja Mecânica. No Natal de 2015, ganhei de Tom -  - essa edição LINDA da Editora Aleph em comemoração aos 50 anos da história e foi a minha primeira leitura de 2016. Achei que demoraria muito pra terminar exatamente por ser pesado, mas li em poucos dias por conta da curiosidade.
A história
 Alex DeLarge é um amante da música que faz parte de uma gangue de garotos formada para assombrar a metrópole em que vivem. Apesar de ter somente 15 anos, ele não pensa duas vezes antes de praticar atos de violência extrema, incluindo estupros, roubos, invasões de domicílios e até assassinatos. E tudo isso só lhe traz um enorme prazer.

“Estou falando sério sobre isso com vocês, irmãos. Mas eu faço o que faço porque gosto de fazer.”
 É numa dessas invasões que algo dá errado e Alex acaba sendo pego pela polícia, ao contrário de seus amigos, o que o faz sentir-se extremamente traído. Depois de passar alguns longos dias na prisão, submetem o garoto a um novo tratamento que anda sendo falado pela cidade com o objetivo de acabar com esse seu desejo por violência e torná-lo um “homem bom”: a Técnica Ludovico.

“- Será sua própria tortura – ele disse, sério. – Espero, por Deus, que essa tortura enlouqueça você.”
 Alguns dias de torturas desumanas se passam e todo esse processo, principalmente a consequência dele, nos faz refletir muito sobre diversos assuntos, como o livre-arbítrio. É claro que Alex sai diferente daquele lugar, mas será que tudo isso mudou seu modo de pensar?


“- O que Deus quer? Será que Deus quer bondade ou a escolha da bondade? Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si?”
Minha opinião
 Vou me apossar de uma das gírias mais usadas por Alex e descrever esse livro: bem horrorshow. É uma história, sim, pesada e violenta, mas conseguiu me prender como eu não esperava que fizesse e me surpreendi com a inteligência do autor, que vai desde o título e nome do personagem até as mensagens nas entrelinhas.
 Por ser narrado por Alex, ou seja, em primeira pessoa, podemos observar todas essas situações a partir do olhar do garoto, então acabamos criando certa empatia por ele. Pois é, achei isso incrível, porque ele é um personagem extremamente maldoso, que teria tudo pra ser odiado, mas a gente acaba torcendo pra algo dar certo na vida dele. Não que eu quisesse que suas empreitadas dessem certo, mas sim que ele acabasse feliz, satisfeito com uma vida saudável e pacífica. Deu pra entender?

 Alex também conversa bastante com o leitor, tem todo aquele toque autobiográfico. O livro é dividido em três partes: a época em que saía por aí praticando violências com sua gangue (I), o momento em que foi pego e o que aconteceu nesse período (II) e sua vida depois das torturas (III). Em cada parte, temos um ilustrador diferente. Eles são Angeli, Dave McKean e Oscar Grillo, todos fizeram trabalhos incríveis.

 Uma das coisas mais interessantes no livro é o uso de gírias constantemente. Mas não são gírias comuns ao nosso vocabulário, elas são uma mistura de inglês com russo e causam toda uma estranheza, o que foi um dos objetivos do autor. Confesso que era meio chato ficar consultando o glossário no fim do livro, mas tem coisas que dá pra entender no contexto e que você acaba decorando, mesmo assim acabei curtindo a ideia depois. Um exemplo de frase do livro com as gírias pra vocês terem um gostinho: “Fiquei surpreso e só um malenk pugli de sluchar o Tosko govoretando aquilo.”
 Anthony Burgess era um homem bastante inteligente e fez algumas criticas entre as páginas, como o fato de que certos poderes totalitários acabam por reduzir nossa liberdade individual.

“O que tentei argumentar, com o livro, era o fato de que é melhor ser mau a partir do próprio livre-arbítrio do que ser bom por meio de lavagem cerebral científica. Quando Alex tem o poder da escolha, opta apenas por violência. Entretanto, existem outras áreas de escolha, como ilustra seu amor pela música.”
 Essa edição é tão linda que nem sei dizer. A Aleph caprichou demais, tem capa dura com jacket, detalhes incríveis – tudo preto, branco e laranja -, ilustrações e, ainda, extras com entrevistas com o autor e alguns textos do mesmo, incluindo manuscritos. Puro amor, dá ainda mais vontade de ler.
O livro sem a jacket/luva.
“Afinal, que noção poderia ser mais bizarra do que uma laranja mecânica? A imagem atraiu-me não somente como algo fantástico, mas também como algo obscuramente significativo; surreal, mas também obscenamente real. O casamento forçado de um organismo com um mecanismo; de uma coisa com vida, que amadurece, é doce, suculenta, com um artefato frio e morto.”

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